17 março, 2003

Trastevere ao virar da esquina!

Hoje decidi que já ia sendo tempo de falar do nosso bairro: Trastevere! (Quer dizer, era mais à frente, mas pertíssimo!) "Trastevere" significa «depois do Tevere», ou Timbre em linguagem tuga, que é o nome do rio que atravessa a cidade de Roma.
Sempre que falava a alguém que conhecesse a cidade e mencionava esta palavra mágica, a reacção era unânime e só uma: "O quê, a zona dos bares?" - Já lá vamos.
Mais importante do que a vida nocturna - sinceramente - para quem é estrangeiro e pretende viver tanto tempo numa cidade, são as acessibilidades, transportes, e a oferta de serviços à porta de casa. Bingo! Não podia ser maior a minha satisfação. Ok, pronto, podia, se o metro parasse a escassos metros da porta do prédio, em vez de precisar uma curta viagem de autobus. Mas são 5 minutos - a pé, quase 10 ou 15, nada de assustador - que nos separam de 2 estações próximas, na linha B as duas (a azul): Marconi ou Basilica San Paolo.
Ao todo, uma viagem para a Universidade, que tem Metro e fica na mesma linha (a azul!), são cerca de 35 minutos. Depende da sorte! Perder um autocarro por segundos pode significar mais dez ou quinze minutos de viagem! Já me esquecia que andar de transportes públicos é isto mesmo, mas creio que seja igual em todo o lado!!!
Estamos ainda perto da estação de comboio de Trastevere (um local que já se encontra no imaginário dos meus piores pesadelos, pois sempre que por lá passo vou tão carregado que juro para nunca mais!), e de um eléctrico directinho para o centro, para a Piazza Torre Argentina (as ruínas onde dizem haver mais de 6.000 gatos, mas onde o máximo que contei foram umas dezenas!). Nada mau mesmo!
Passemos a serviços. Eu adoro! E andar a pé por aqui sabe mesmo bem, chiça! Não é bem o centro, funciona como uma espécie de Algés, por exemplo, ou algo parecido. Não que eu goste particularmente da comparação! Vive-se o ambiente de zona dormitório, mas durante o dia as ruas estão apinhadas de gente, comexcpção para a hora de almoço, prolongada em Itália até às 16h00. Claro que, à imagem de Nuestros Hermanos, isso reflecte-se no horário de encerramento do pequeno comércio: 20h00, havendo sempre quem permaneça aberto por mais uma ou mesmo duas horas.
Quanto a variedade temos talho, supermercado, papelaria, gelataria(s), mercearia, agências de viagens - muito importante! - restaurantes, cybercafés, lojas de roupa, telecomunicações, pizzerias e pizza "a taglio" (à fatia), bancos, etc, etc. Tudo com diversas opções! É só escolher o que mais agradar. Dá sempre segurança para quando falta alguma coisa em casa! E falta, muitas vezes! E melhor ainda, é que tudo está num raio de cinco minutos a pé. Eu até cortei o cabelo!!! Por necessidade, está visto!
Falta, por último, mencionar a noite em Trastevere! Eu sei, eu sei... é fixe!! Vamos lá a ver: fomos lá um dia ao fim da tarde e gostámos do movimento. Ruas sempre cheias de gente, marroquinos a vender óculos Gucci, Chanel e C.ª a 15 euros (regateando vêm por 5, depende do poder de negociação do cliente!!), cheiros intensos que se cruzam no ar, e lojas que fazem de facto lembrar o nosso Bairro Alto. Da segunda vez que lá fomos, foi decidido na hora, vínhamos nós do centro um belo Sábado cerca das nove da noite, e, ao observar o movimento, descemos do eléctrico 8 no Viale Trastevere, logo depois da travessia do rio junto à ilha Tiberina. Mais uma vez, muita gente, agora a jantar em pequenos e pitorescos restaurantes (italianos... daahhh!), com esplanadas estendidas à porta! Este é um dos fenómenos que mais me agrada em Itália, e Roma em particular. O gozo que têm por viver o ambiente da rua e da comunidade que se mistura!
Ambiente engraçado, sem dúvida, mas ainda assim longe do que nos haviam prometido. Uma semana volvida e mais um dia cansativo no centro. Eu ainda mais pois tinha andado a procurar hotel para a família que vinha aí! À noite, embora nos tivessem convidado para um "bottiglion" na Piazza del Poppolo, o cansaço convidou a mais uma investida, perto de casa: Trastevereeee! Por acaso, acabámos por nos encontrar com mais tugas que para lá iam. Com guias pode ser que finalmente encontremos os malfadados bares - pensamos nós. Isto pode parecer coisa de tótó, mas é que a zona é uma mescla de BA com ruas tipo medina marroquina! Deve ser por isso que "eles" gostam tanto de andar por aqui!
O "Shisha", o "Anomalia" e o "Friends" foram os que frequentámos essa noite. O primeiro, de fumos, para quem gosta de fumar ou experimentar! O segundo, tipo barzeco do BA, pequeno,acolhedor, cheio! O último, mais do género Art Nouveau Café, mais inn, moderno, mas claro, também à pinha! A noite estava destinada a terminar cedo por falta de capacidade de resposta dos membros inferiores. Por mais que quiséssemos, não dava! Simplesmente, népias! Pouco depois das 2 da matina (palavra por si acaso, italiana!) em casa, depois de assistirmos ao encerramento dos bares perto dessa hora! É verdade, impensável! Mas não se tivermos em linha de conta que as discos encerram globalmente por volta das 4!

No comments! Para nós, fica aqui a foto do momento.



(Grande Natassia!! mostra como é!!)

Concluindo, a verdadeira apreciação ao bem reputado T-R-A-S-T-E-V-E-R-E e à sua noite, fica para outras oportunidades, segundas ou terceiras núpcias. Mas acredito que já ficámos no bom caminho. E lá no fundo gostei!

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